quinta-feira, 25 de abril de 2013

A eleição: Osmar Silva‏



Hoje almocei com um velho amigo. Homem simples e de poucos recursos. Um personagem da recente história política de Rondônia. Com pouco mais de cinquenta anos, luta diariamente pela sobrevivência. Não tem o cavalo na sombra. Mas dorme o sono dos que não levam pra casa nada que seja seu. Mas isso tem preço. Ah! E como tem! Ser honesto na sociedade e no mundo de hoje, não é um bem que se possa pendurar na parede como um diploma ou um troféu, exibidos com orgulho. É um bem para ser cultivado n’alma, no seio da família, no recolhimento do lar e no segredo das conversas com Deus. Só D’ele virá o reconhecimento. Rui Barbosa estava pleno de inspiração quando profetizou ‘que chegará o dia em que homem terá vergonha de ser honesto’.

Tinha 25 anos quando ousou desafiar o poderoso governador Jorge Teixeira, nomeado pelo último presidente da ditadura, general João Baptista Figueiredo no início dos anos 80. Portanto, nos duros tempos do ‘obedece quem tem juizo’. E pior: dentro da mesma trincheira, o PDS. Francisco Sales Duarte de Azevedo, técnico agrícola e prefeito de Ariquemes nomeado pelo coronel Humberto da Silva Guedes e confirmado por Teixeirão, foi exonerado do cargo em função das intrigas de José Renato da frota Uchoa, o influente secretário de  planejamento do novo Estado de Rondônia. Agora candidato a deputado federal, Sales apossou-se de uma das sublegendas do partido lançou candidato a prefeito da sua simpatia, colocando-se contra os outros dois das duas sublegendas restantes: Natanael Silva e Abel Soares. Este último, o pupilo da ditadura.

Sales ganhou a eleição. Se elegeu e elegeu o simplório e desconhecido oleiro católico Gentil Valério de Lima como o primeiro prefeito na primeira eleição do novo estado em 1982. E tiveram tantos votos que ficou impossível desaparecer com eles na histórica reunião em uma chácara de Porto Velho onde decidiu-se quem estava ou não eleito. Só perdeu o seu candidato a deputado estadual que anoiteceu eleito, conforme boletim parcial do juiz eleitoral, divulgado ao final das apurações, e amanheceu fora do mapa final. Neste caso, foi mais fácil a manipulação e o desvio dos votos. Posso afirmar que, entre os vinte e quatro deputados constituintes estaduais, não estavam todos os escolhidos pelo povo. Mas os que o nosso saudoso Teixeirão apontou: ‘ esse sim, esse não’. Mas teve que engulir dois feitos adversos: um deputado federal e um prefeito que não eram da sua simpatia e para quem não pedira votos. E mais: aquele ‘menino’ de 25 anos ‘transferiu’ votos para uma pessoa comum e desconhecida do eleitorado. E ele, o Teixeirão, o ‘homem do boné’ de paraquedista, com todo prestígio e poder, não conseguira, em Ariquemes, eleger seu preferido que amargou o terceiro lugar. Elegeu três senadores saídos do nada, e a maioria dos oito deputados federais , dos vinte e quatro estaduais e da absoluta maioria dos prefeitos. Mas perdeu em Ariquemes. 

Este personagem que obteve dois mandatos para a Câmara Federal, um para a Assembléia Legislativa e mais um para a prefeitura de Ariquemes é um cidadão simples e humilde como um discípulo do padre Camaione. Ele paga sozinho pelas falhas suas e de outros cometidos no seu último mandato à frente do executivo ariquemense. Sem mandato e sem direitos políticos, condenado  por improbidade em função de equívocos processuais explorados
impiedosamente por seus adversários. E não por corrupção.  Um condenado por delitos técnicos. Sua simplicidade de vida e sua luta pelo dia-a-dia, demonstram para a sociedade o respeito que sempre cultivou pelo bem público. Apontado como ‘burro’ por não ter enriquecido, é um retrato vivo do preço que se paga para ser e viver honestamente.

OsmarSilva – jornalista – sr.osmarsilva@gmail.com     

Fonte:

Francisco de Sales Duarte Azevedo


Francisco de Sales Duarte Azevedo
Nascimento: 4/26/1952
Profissães: Técnico Agrícola
Filiação: Braz Azevedo de Souza e Júlia Duarte Azevedo
Legislaturas: 1983-1987 e 1987-1991.
Mandatos Eletivos:
Prefeito, 1979-1980, Ariquemes, RO, ARENA; Deputado Federal, 1983-1987, RO, PDS. Dt. Posse: 01/02/1983; Deputado Federal (Constituinte), 1987-1991, RO, PMDB. Dt. Posse: 01/02/1987; Deputada Estadual, 1995-1996, RO, PSC; Prefeito, 1997-1998, Ariquemes, RO, PTB.
Licenças:
Licenciou-se do mandato de Deputado Federal na Legislatura 1987-1991, para viagem cultural, no período de 03 a 18 de dezembro de 1988; para viagem particular ao Paraguai e Argentina, no período de 20 a 22 de novembro de 1989.
Filiações Partidárias:
ARENA, 1978-1979; PDS, 1980-1985; PMDB, 1986-1990; PRN, 1990-.
Atividades Profissionais e Cargos Públicos:
Administrador Distrital, Ouro Preto do Oeste, RO, 1977-1979.
Estudos e Graus Universitários:
Técnico Agrícola, Colégio Agrícola de Jundiaí, Macaíba, Rn, 1970-1972.
Atividades Parlamentares:
ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE: 
Subcomissão do Sistema Eleitoral e Partidos Políticos, da Comissão da Organização Eleitoral, Partidária e Garantia das Instituições:Titular, 1987; Subcomissão da Ciência e Tecnologia e da Comunicação, da Comissão da Família, da Educação, Cultura e Esportes, da Ciência e Tecnologia e da Comunicação: Suplente, 1987. 

CÂMARA DOS DEPUTADOS: 
COMISSÕES: de Agricultura e Política Rural: Titular, 1983-1985 ; de Agricultura e Política Rural: Suplente, 1985-1987 ; do Interior: Titular, 1985-1987 . 


Atividades Sindicais, Representativas de Classe e Associativas:
Vice-Presidente e Presidente do Grêmio Estudantil Otávio Lamartine, Colégio Agrícola de Jundiaí, Macaíba, RN, 1970-1971.
Missões Oficiais:
Integrante da comitiva presidensial, em visita oficial a República da Bolívia, 1988; Participante, do Encontro denominado " Rondônia Discute Nossa Natureza ", Rondônia, 1989; Participante, da II Conferência de Parlamentares do Hemisfério- Ocidental, sobre População e Desenvolvimento, Quito, Equador, 1990.
Outras Informaçõoes:
Trabalho de Pesquisa Agropecuária, nos Estados Nordestinos e do Norte, 1971-1972; Prefeito nomeado para o Município de Ariquemes, do então Território de Rondônia, 1979-1980.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Discursos e Notas Taquigráficas 30/03/2003


SR. VIEIRA REIS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. VIEIRA REIS (PMDB-RJ. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, inicialmente quero agradecer a deferência do convite que me foi feito pelo meu colega, o Deputado Estadual e Técnico Agrícola Dr. Mário Limberger, para o XVII Encontro Nacional de Técnicos Agrícolas, realizado no período de 28 a 30 de outubro de 2003, no Torre Palace Hotel, onde tive oportunidade de discursar para enorme platéia, na sua maioria composta de técnicos agrícolas.
No ensejo expressei todo o meu respeito pelos profissionais técnicos agrícolas, devido ao admirável trabalho realizado no Brasil e no exterior, nas fronteiras, em iniciativas até muito arriscadas, como foi o caso dos técnicos agrícolas que o Governo Federal enviou à Colômbia para transformar plantações de coca em novos cultivos, como algodão, milho, café, além de cenouras, beterrabas, salsa e outros vegetais plantados, sem o uso de nenhum produto químico, só com a utilização de compostos orgânicos. Pretende-se estender esta tecnologia ao Uruguai, Bolívia, Venezuela, Paraguai e Peru.
Outro aspecto que pude destacar foi o risco que os técnicos agrícolas correm, quando convocados para liderar frentes brigadistas de combate às chamas, fato muito comum nesta época do ano na agricultura. A situação é crítica em alguns Estados brasileiros: na Bahia houve 579 focos de incêndio somente no mês de setembro, além de Mato Grosso e Goiás. 
Somente no mês de setembro, os focos de queimadas florestais na zona rural brasileira aumentaram 91%. O fogo descontrolado na floresta causa enorme prejuízo aos cofres públicos. O orçamento do instituto para prevenir e combater incêndios este ano estava em R$ 18 milhões, mas devido a cortes no Orçamento ficou em apenas R$ 6 milhões. Uma série de incêndios florestais em abril deste ano devastou as reservas indígenas ianomâmi e São Marcos e a unidade de conservação Carocai, em Roraima. As queimadas no Estado destruíram cerca de 3 mil quilômetros quadrados de mata contínua e de serra. 
O estrago provocado foi tão grande que o Governo Federal indenizou os pequenos agricultores que perderam suas safras. Para isso, ficou acertado que eles não fariam mais queimadas nas roças sem a orientação e o acompanhamento de técnicos agrícolas, que saberiam como orientá-los quanto à forma correta com que queimariam o solo, para que a vegetação rebrote mais verde, aumente a qualidade do solo para pastagem, e a plantação se torne mais nutritiva para o gado.
Destaquei as contribuições prestadas por dedicados técnicos agrícolas que, nas mais adversas condições humanas, estão prontos para colocar em prática aquilo tudo o que aprenderam, seja em escolas agrícolas (públicas e privadas), seja no cotidiano, expondo em muitos casos sua própria vida.
Enfoquei também o Requerimento nº 368, de 2003, de minha autoria, que sugere ao Ministro do Trabalho e Emprego, Jaques Wagner, a criação da Agência Nacional de Registro Profissional e a transferência para a mesma das competências hoje atribuídas aos Conselhos de Fiscalização Profissional, por entender que os CREA e CONFEA, quando criados, deveriam ter-se voltado para o maior direcionamento ao indispensável trabalho realizado pelos técnicos agrícolas,que hoje somam mais de 300 mil. A política excludente adotada pelos conselhos não contribui em nada para o seu crescimento e aprimoramento. 
Reafirmei meu compromisso de concentrar esforços em busca de amplo consenso entre os profissionais técnicos agrícolas comprometidos e que estão sentindo na pele os efeitos da procrastinação da garantia dos seus direitos. 
Manifestei minha solidariedade mais uma vez a esta causa e reafirmei que, se for preciso, promoverei amplo debate na Câmara dos Deputados, contando inclusive com o apoio de colegas Parlamentares que tenham formação de técnico agrícolas e dos segmentos interessados. Igualmente estaria pronto para entrar com requerimento de criação da agência.
É tudo o que tenho a dizer.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (João Caldas) - Feito o seu pronunciamento, a Mesa tomará as devidas providências.